sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

FELIZ ANIVERSÁRIO, INDAIATUBA!

Indaiatuba completou 185 anos no último dia 09 de dezembro. 
Nem sempre a data foi comemorada, e sua adoção como Dia Oficial da Cidade se deu apenas em 1974. 
Na realidade, 9 de dezembro foi o dia em que Indaiatuba foi elevada à categoria de Freguesia, ou modernamente, Distrito. Diz Nilson Cardoso de Carvalho em sua Cronologia Indaiatubana: “A área de abrangência da Capela Curada de Indaiatuba (Cocais) transforma-se em distrito, isto é, fica criada uma nova unidade administrativa na vila de Itu agrupando os bairros de Piraí, Jundiaí (isto é, “Bairro do Rio Jundiahi, atual Itaici) e Mato Dentro, tendo Indaiatuba como sede da nova freguesia”. 
A independência administrativa plena viria 29 anos depois, no dia 24 de março, com a elevação a Vila.
Por que a escolha de 9 de dezembro então? Para começar, a data da fundação do povoamento que originaria Indaiatuba perdeu-se na história. Mesmo o suposto fundador, José da Costa, não tem sua existência documentada. 
A história citada por Azevedo Marques, que fala de uma imagem de Nossa Senhora da Candelária achada por esse personagem em um riacho, quando ele procurava uma vaca perdida, não se sustenta. Para começar, é uma lenda recorrente semelhante às que cercam as imagens de Nossa Senhora Aparecida e do Bom Jesus de Pirapora. Além disso, como descobriu Nilson Carvalho em sua pesquisa para o livro História da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, a primeira capela curada instalada aqui foi dedicada a Nossa Senhora da Conceição dos Cocaes em 1813 pelo tenente Pedro Gonçalves Meira, devoto da santa. Após seu falecimento, seu irmão e herdeiro, Joaquim Gonçalves Bicudo, consagrou a capela a Nossa Senhora da Candelária, como ficou até hoje. Os motivos para a mudança devem-se, provavelmente, ao fato de que, enquanto Meira era morador de Campinas, cuja padroeira era Nossa Senhora da Conceição, Bicudo era de Itu, que tinha a Candelária como santa da devoção.
Quanto a José da Costa, além da citação de Azevedo Marques, há uma referência em Indaiatuba e sua História, de Scyllas Leite Sampaio e Caio da Costa Sampaio, de um José da Costa Homem, que teria herdado de Domingos Fernandes, em 1687, uma sesmaria localizada onde hoje seria nossa cidade. Mas ele não poderia ser o mesmo José da Costa da santa, já que este último teria vivido na virada do século XVIII para o XIX.
Em 1930, o então prefeito Major Alfredo Camargo da Fonseca decidiu comemorar o centenário da elevação de Indaiatuba a Distrito, 9 de dezembro, e mandou edificar um monólito comemorativo no Largo da Matriz. Também encomendou ao compositor Nabor Pires Camargo um hino para marcar a data. Quatro anos depois, Scyllas Leite Sampaio, desafeto político do Major, agora ocupando a cadeira do Executivo, mandou tirar do local o monumento, que iniciou uma via-crúcis por diversos pontos da cidade, que só terminaria em 1998, quando o prefeito Reinaldo Nogueira, convencido por uma incansável campanha do arquiteto Fernando Martins Gomes, reinstalou o bloco de granito em seu local original. 
Em 2004, o monólito recebeu mais uma placa, desta vez celebrando a reforma da praça, feita pelo mesmo Reinaldo Nogueira.
Pois bem, como vimos, apenas em 1974, tanto a data 9 de dezembro como o Hino Indaiatubano seriam oficializados. 
E como isso se deu? 
Dentro do Rotary Club. Lá, Antonio Reginaldo Geiss, e o filho de Scyllas Leite Sampaio, Caio da Costa Sampaio, realizaram um debate que entrou para os anais da entidade, o primeiro, defendendo o dia 9 de dezembro, e o segundo, o dia 24 de março, o da elevação a Vila, como Dia de Indaiatuba. Geiss acabou vencendo a parada, usando como um dos argumentos a safra de uva no final do ano, que poderia ser aproveitada para se realizar uma exposição agrícola. 
Em 1989, o então prefeito Clain Ferrari, de quem Geiss nunca foi amigo, aproveitou a deixa e criou a Feira Agrícola, Industrial e Comercial de Indaiatuba (Faici), uma comemoração do aniversário da cidade que também aproveitava a safra da uva. Isso durou apenas até 1992, quando o próprio Clain antecipou a feira para setembro sob a justificativa de que o comércio reclamava da concorrência com a Faici na época das festas e que em dezembro chovia muito. 
O fato de haver eleições municipais em 3 de outubro era apenas coincidência. E, naturalmente, naquele ano, em setembro, choveu muito.
 
* Originalmente publicado no Jornal Tribuna de Indaiá de 05/12/2009.
Do site "História de Indaiatuba"

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