sexta-feira, 8 de junho de 2018

108 ANOS DE PAGU, QUE NASCEU EM SÃO JOÃO DA BOA VISTA, FOI QUEM TROUXE AS PRIMEIRAS SEMENTES DE SOJA PARA SEREM PLANTADAS NO BRASIL


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Considerada a militante do ideal e uma das mulheres mais inteligentes e audaciosas do século XX, Patrícia Rehder Galvão, ou simplesmente Pagu como era também conhecida, nasceu em 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista (SP). 
Era a terceira filha de Adécia e Thier Galvão França, trazendo nas veias o sangue dos imigrantes alemães e dos quatrocentões de São Paulo. 
Seus talentos começaram aflorar cedo, praticamente aos 12 anos, em 1922, época do grande marco cultural brasileiro, a Semana de Arte Moderna do movimento modernista, que protestava contra o domínio cultural e artístico estrangeiro, principalmente europeu que se alastrava no Brasil.
Pagu sempre foi uma mulher à frente de seu tempo. 
Casada com Oswald de Andrade e com um filho, ela jamais limitou à rotina da vida doméstica e muito mais às incoerências partidárias do Partido Comunista. Sem desistir da luta e de seus ideais, começou a viajar pelo mundo como correspondente dos jornais “Correio da Manhã”, “Diário de Notícias” e “A Noite”.
Na sua “volta ao mundo”, Pagu foi ao Japão, EUA, Polônia, China, França e Rússia. E suas viagens renderam frutos, pois acabou sendo a primeira repórter latino-americana a presenciar a coroação do Imperador de Manchúria (China). Através desse evento que ela obteve as primeiras sementes de soja para serem plantadas no Brasil.
Separada de Oswald, Pagu dedicou a sua nova fase em sua vida ao jornalismo, à cultura e à família. Casa com o também jornalista Geraldo Ferraz, de quem tem seu segundo filho. Decide morar em Santos.
Nos anos 50, ela ainda faz uma última tentativa de resgatar sua militância política, só que desta vez pelo Partido Socialista Brasileiro. Concorreu à Assembléia Legislativa, mas seu discurso não acabou agradando. Nele ela revelava as condições degradantes que foi submetida, que seus nervos e inquietações acabaram transformando-a “numa rocha vincada de golpes e amarguras, mas irredutível”. Não foi eleita. Pagu havia sido presa e torturada durante a ditadura do Estado Novo.
Nos últimos anos de sua vida, Pagu continuou a trabalhar incansavelmente pela cultura. 
Morreu em 12 de dezembro de 1962. 
E para quem a admirar, restou apenas a mensagem que resume seu destino: "O escritor da aventura não teme a aprovação ou a renovação dos leitores. É-lhe indiferente que haja ou não, da parte dos críticos, uma compreensão suficiente. O que lhe importa é abrir novos caminhos à arte, é enriquecer a literatura com gérmens que venham a fecundar a literatura dos próximos cem anos”
Pagu foi revolucionária na arte, na política e na prática de vida.

Dr. Pintassilgo.

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