sexta-feira, 15 de junho de 2018

GENTE DE PIQUETE: CÉLIA APARECIDA DA ROSA

Célia Aparecida da Rosa

Célia Rosa
Foto escaneada do jornal "O Estafeta"

A Presidente da Fundação Christiano Rosa, Célia Aparecida, nasceu em Piquete, no dia 03 de outubro de 1942, filha de Christiano Alves da Rosa e Aída Oliveira Lucas da Rosa. Faleceu em São Paulo no dia 15 de julho de 1998. Bacharel em Pedagogia, foi professora na atual EEPSG Profa Leonor Guimarães, em nossa cidade e diretora de escola em Cananéia e Guarulhos, de 1972 a 1991, sempre devotada à causa do ensino e preocupada com a formação integral dos jovens. Durante sua gestão frente à EEPSG "Dom Paulo Rolim Loureiro", em Guarulhos, instalou a primeira escola estadual de nível médio profissionalizante do município, com os cursos de Contabilidade, Secretariado e Desenho de Arquitetura. Sob sua coordenação pedagógica a escola alcançou o melhor nível educacional do município. Implementou atividades extra-classe nas áreas do Esporte, Cultura e Lazer, transformando a escola num centro de convivência comunitária. Desse projeto inúmeros atletas se profissionalizaram e muitos jovens tomaram-se arquitetos. Convênios firmados com as indústrias de Guarulhos permitiram que os melhores alunos dos cursos técnicos ingressassem no mercado de trabalho. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade "Farias Brito", de Guarulhos, conquistou o título de Mestre em Estética. Convidada pela mesma Universidade para lecionar as disciplinas Projetos Arquitetônicos, Métodos Construtivos e Planejamento Urbano, atividades que exerceu durante 13 anos. Manteve em Guarulhos, durante 06 anos, escritório de Arquitetura, desenvolvendo projetos arquitetônicos e fiscalização de obras no citado município. Foi Diretora de Obras da Prefeitura de Piquete, em duas gestões, elaborando, para aprovação da Câmara, o Código de Obras Municipal, a Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Diagnóstico do Saneamento Básico no Município de Piquete (1997) e as leis de Criação e Regulamentação do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico-Artístico e Paisagístico do Município. Em co-autoria, organizou os livros "Coisas Findas" e "Estação Rodrigues Alves-90 anos", publicados em 1996, e "Agenda-1998". Fez parte da equipe de criação e redação do Informativo "O ESTAFETA", da Fundação Christiano Rosa. Integrou a comissão de festejos do Centenário do Município, promovendo várias atividades. Concebeu, em co-autoria com um grupo de arquitetos piquetenses, o marco do Centenário, instalado na Praça da Bandeira, cujo projeto de remodelação é também de sua autoria, bem como a Praça do Jambeiro. Foi instituidora da Fundação Christiano Rosa, entidade de fins culturais e filantrópicos, em funcionamento em nossa cidade. Como presidente, coordenou todas as atividades até então desenvolvidas pela Fundação, com dedicação e amor. Dotada de grande sensibilidade para as Artes Plásticas, Música e Poesia e de apurado senso e estético. Participou de exposições de Artes Plásticas na cidade de São Paulo, sendo várias vezes premiada. Marcante o seu senso de cidadania, sempre preocupada com os problemas sociais da cidade de Piquete como saneamento básico, educação, cultura, meio ambiente, delinqüência infanto-juvenil, prevenção de drogas, preservação do patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico do município. Metódica e organizada, primava pela procura da perfeição em todas as atividades em que se envolvia. Determinada, nunca esmorecia diante das dificuldades, dando-nos sempre lições de tenacidade e perseverança. Sua sensibilidade artística aguçada, sua riqueza cultural, sua fidelidade, companheirismo e amor fraterno foram fatores da manutenção, por toda a vida, de amigos fiéis e dedicados que caminharam ao seu lado nos momentos de alegrias e tristezas. Praticou sempre a caridade pura no silêncio e anonimato. Transmitiu-nos uma inabalável fé em Deus. Compreendeu a vida e foi feliz. Enfrentou com serenidade a doença, o sofrimento e a morte. Por Piquete nutria um grande amor. Conhecia cada cantinho de nossa cidade e se extasiava diante de suas belezas naturais. Enquanto pôde, mesmo na doença, fez planos, sonhou e semeou a certeza de que com o trabalho de todos o futuro será bem melhor. Deixou-nos, enfim, uma grande responsabilidade - a de continuar seu trabalho em benefício de Piquete. Talvez não tenhamos sua competência, mas sob o influxo de sua força espiritual procuraremos não transviar no pessimismo, lutaremos para levar avante o seu trabalho e concretizar o seus sonhos. Que Deus nos ajude e nos inspire nessa caminhada cultural, em benefício de sua terra.

"O meu dia foi bom, pode a noite descer.
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar."

Manuel Bandeira - "Consoada".

Célia Rosa
Arquivo Celeste Aída Rosa

Da Saudade

Célia era toda primavera, pura poesia. Porque a poesia é só dar, é só perder. Generosa, você se doou toda a vida. Observadora arguta. Acuidade sensorial epidérmica. Olhos grandes e calmos a filtrar o mundo e seus problemas sociais. Otimismo contagiante. Simplicidade, equilíbrio, retidão de caráter. Amante da natureza: daí seu grande amor pela "Cidade Paisagem". Lúcida, arquitetou sua vida, construiu muitos amigos e admiradores. Deixa saudade. Fará muita falta. 
Cecília Meireles nos ensina que:
"A natureza da saudade é ambígua: associa sentimentos de solidão e tristeza - mas iluminada pela memória, ganha contorno e expressão de felicidade. Em geral, vê-se na saudade o sentimento de separação e distância daquilo que se ama e não se tem. Mas todos os instantes de nossa vida não vão sendo perda, separação e distância? O nosso presente, logo que alcança o futuro, o transforma em passado. A vida é constante perder. A vida é, pois, uma constante saudade. Há uma saudade queixosa: a que desejaria reter, fixar, possuir. Há uma saudade sábia, que deixa as coisas passarem, como se não passassem. Livrando-as do tempo, salvando a sua essência de eternidade. É a única maneira, aliás, de lhe dar permanência: imortalizá-as em amor. O verdadeiro amor é, paradoxalmente, uma saudade constante, sem egoísmo nenhum."
Célia, espírito iluminado, foi só amor; sua passagem, mera circunstância. Fica-nos através da memória, a sensação de eternidade, pois é forte e marcante sua presença em todos que tiveram o privilégio de desfrutar de seu convívio.
Fica-nos seu amor, seu exemplo.
Saudades.
A.C.
Jornal "O Estafeta" - julho de 1998

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