terça-feira, 12 de junho de 2018

YOLANDA PENTEADO, A CAIPIRINHA DE LEME

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Yolanda de Ataliba Nogueira Penteado nasceu na cidade de Leme no dia 06 de janeiro de 1903 e faleceu em Stanford, aos 14 de agosto de 1983.
Era membro de umas das famílias mais tradicionais da aristocracia brasileira.
Filha de Juvenal Leite Penteado e Guiomar de Ataliba Nogueira, descendia, por seu pai, de João Correa Penteado e Izabel Paes de Barros.
Nasceu na fazenda Empyreo, no município de Leme, São Paulo, sendo fazendeira sensível aos rumos da produção rural no Brasil, e amante e incentivadora das artes, mulher pioneira, grande colecionadora. 
Também costumava frequentar a famosa casa do senador José de Freitas Valle, o senhor da Villa Kyrial, no bairro de Vila Mariana em São Paulo, o Salão Cultural mais importante da capital paulista, no início do século XX, sendo um dos idealizadores da Semana da Arte Moderna, em 1922, onde abrigou grandes nomes da arte, como Lasar Segall, Brecheret, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Sarah Bernhardt e tantos outros.
Sobrinha de Olívia Guedes Penteado, a Baronesa do Café, e também grande patronesse das artes de São Paulo na década de 1920, teve um rápido relacionamento afetivo com o aviador e patrono da Aeronáutica Alberto Santos Dumont no fim de sua adolescência, dentre tantos admiradores, inclusive com o jornalista Assis Chateaubriand que, abusada mas carinhosamente a chamava de a "Caipirinha de Leme", justo a ela, uma aristocrata refinada.
Casou-se com Jayme da Silva Telles, amigo de sua família, de quem se desquitou após 13 anos, causando polêmica em São Paulo, e, em 1943, casou-se no México (ou "mexicou", como se dizia na ocasião, pois não era uma união válida no Brasil), com o ítalo-brasileiro Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccillo, uma pessoa muito rica e influente na época. 
Não teve filhos, pois Yolanda tinha "útero infantil", e jamais poderia engravidar. 
Era extremamente ligada aos sobrinhos, especialmente à sobrinha Marilu Pujol Penteado Novaes (filha de Juvenal Penteado e Odila Pujol Penteado), que se casou com Otávio Novaes, filho da renomada pianista Guiomar Novaes, e que faleceu em desastre automobilístico aos 27 anos, exatamente quando se dirigia à fazenda Empyreo.
Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo organizaram a primeira Bienal de São Paulo, em 8 de outubro de 1951, com 1.800 obras e 21 países e, na segunda Bienal, em dezembro de 1953, trouxeram de Nova Iorque, onde estava guardada esperando o fim da ditadura de Franco para seu retorno à Espanha, a obra Guernica, de Pablo Picasso, como presente à cidade de São Paulo, nos seus 400 anos, comemorados em 25 de janeiro de 1954. 
Teve importante papel no estabelecimento do Museu de Arte Moderna de São Paulo e das Bienais, inclusive doando sua coleção particular e generosos recursos ao Museu de Arte Contemporânea da USP.
Colaborou com Assis Chateaubriand no Museu de Arte de São Paulo e na implantação dos Museus Regionais (Olinda, Campina Grande e Feira de Santana). 
Foram muitos os artistas, no Brasil e no exterior, que se tornaram seus amigos. 
Registrou no livro de sua autoria, "Tudo em Cor de Rosa", algumas das personalidades com quem conviveu. 
A Fazenda Empryreo foi palco de grandes festas promovidas por Yolanda, tendo como convidados personalidades como a do ex-presidente dos Estados Unidos o senhor Ronald Reagan, na época ator em Hollywood, além do poeta Vinicius de Moraes e do político e ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Não foram poucas as marcas profundas deixadas por Yolanda Penteado, assim como abundam os episódios com personalidades e mesmo de sua vida pessoal, tal como a separação de Ciccillo ou a venda da Empyreo, ao senador Pedro Piva e a tristeza da área que restou dela, cortada pela rodovia.
Yolanda foi responsável pela doação das terras do Clube de Campo Empyreo, Aeródromo de Leme, além de ter sido Provedora da Santa Casa de Misericódia de Leme.
Yolanda Penteado faleceu na data de 14/08/1983 aos 80 anos, no Hospital da Universidade de Stansford, nos Estados Unidos, onde estava internada a cerca de um ano para tratamento de um câncer. 
Seu corpo foi cremado e, atendendo a seu pedido, em 18 de agosto de 1983 suas cinzas foram espalhadas na fazenda Empyreo em Leme, São Paulo.

OBS: Yolanda foi retratada em minissérie da Rede Globo intitulada "Um Só Coração", em 2004, pela atriz Ana Paula Arósio.
OBS : O livro “Tudo em Cor de Rosa”, está disponível para pesquisa e leitura no Museu Histórico Municipal de Leme “Prof. Celso Zoega Táboas”.
Postado por: Gregório Bispo


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