sábado, 10 de fevereiro de 2018

CAPELA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO BAIRRO SUMIDOURO

No período da mineração de ouro, Ribeirão Grande, Capão Bonito, Guapiara e municípios vizinhos formavam uma região conhecida por Minas do Paranapanema.

Imagem de Nossa Senhora na Capela da Freguesia Velha em 1970.
Acompanhando o processo colonizador, nos leitos dos rios se construíram as primeiras igrejas que acompanhavam os mineiros na busca do ouro de aluvião. A religiosidade e o culto católico que acompanhou os povoamentos de mineração das Minas do Paranapanema esteve associado às histórias de aparição da Nossa Senhora da Conceição do Paranapanema.
Conta-se que na área do Arraial Velho, região onde hoje se encontram o Parque Estadual Intervales, Parque Estadual Nascentes do Paranapanema, e Estação Ecológica de Xitué, a imagem da Nossa Senhora foi encontrada à beira de um riacho, e levada para a capela construída no Arraial, o primeiro povoado.
Segundo a professora e historiadora de Capão Bonito, Alice Olivati, tomando notas dos livros tombo guardados na Igreja Matriz de Capão Bonito, a primeira capela construída às margens do Rio São José do Guapiara foi formada da reunião dos mineiros que chegaram ali atraídos pela notícia do ouro. Segundo ela, 
“Mesmo sendo homens rudes, sentiam solidão e tristeza, pois para esses não havia conforto nesta terra. Lembravam-se então do céu e oravam. Uniam-se na prece, sem ódio, sem distinção de raça ou classe social. E assim foi erguida neste local a primeira capela, Senhora da Conceição do Paranapanema” (Olivati, 2006 p.23).
Entretanto, o Arraial Velho foi um povoado breve. 
Pelos registros eclesiásticos, segundo descreve o vigário Joaquim M. Alves Carneiro em 1746, a população já havia se rarefeito tanto que o padre Manoel Luiz Vergueiro, solicitou ao vigário da vara, alterar a localização da capela para a margem direita do Rio das Almas, duas léguas do arraial para o norte, onde já existiam outros estabelecimentos de garimpeiros, local conhecido hoje como o bairro do Sumidouro em Ribeirão Grande, onde se encontra atualmente construída as instalações da Companhia de Cimento Ribeirão Grande (CCRG). E foi com essa transferência da capela da Nossa Senhora da Conceição do Arraial Velho, nesse ano de 1746, que esse novo local se tornou uma freguesia (designação portuguesa de paróquia), recebendo o Nome de Freguesia Velha. 
Não é conhecida a data em que a Capela Nossa Senhora Conceição da Freguesia Velha foi construída, mas se sabe que esse povoado já estava em atividade desde 1735.


A Freguesia Velha foi o segundo povoado e um importante núcleo formador do povo de Ribeirão Grande, e também o núcleo ancestral que deu origem à sede do município de Capão Bonito. 
A sede dessa freguesia foi transferida em 1843 para uma nova área, na fazenda Capão Bonito, doada à igreja por Pedro Xavier dos Passos, vulgo Sucury.


“Subiram os morros e olharam para os campos e olharam o arraial embaixo perdido na bruma, sem movimento (local onde é atualmente a fábrica de cimento). Depois olharam para os campos e viam a vida manifestando-se pelas nuvens de fumaças sobre as choupanas dos lavradores na manhã rosada e risonha. Então os olhares endurecidos foram lentamente suavizados pela luz do céu e pela luz interior que vinha da fé em Deus e Nossa Senhora da Conceição, prenunciando uma nova era” (Alice Olivati, 2001)
O vigário da Paróquia, Padre Manoel Álvares Carneiro, edificou no terreno doado uma capela, para onde foi transferida a sede paroquial, em 19 de fevereiro de 1843 e onde foi organizada a vila denominada Nossa Senhora da Conceição do Paranapanema. 
Neste mesmo ano, foi elevada a Distrito de Paz com o nome de Capão Bonito do Paranapanema, pela lei de nº 03, de janeiro de 1843 e mais tarde tornando – se município pela lei de nº 17 de 02 de abril de 1857.
Com a construção da fábrica na década de 1970 a capela e o cemitério foram transferidos para o atual local, ao lado da Rodovia João Pereira dos Santos Filho, SP-181.

Localização da atual Capela de Nossa Senhora da Conceição


Atualmente movimentos tradicionais resgatam e preservam a esta parte da cultura e história. Destaque para a Cavalgada da Padroeira, que foi realizada em 2017 em sua 6ª edição.

Fontes:
Primeiro Evento Turístico de Ribeirão Grande – 300 Anos das Minas do Paranapanema – Grupo Amigos de Ribeirão Grande –eventoturisticoribeiraogrande.wordpress.com
Capão Bonito Veredas da Fé – Alice Elias Daniel Olivati – 2001
Livro Capão Bonito – 150 Anos – Uma História Construída Pelo Seu Povo – Alice Elias Daniel Olivati – 2007

Pesquisas Realizadas:
ALMEIDA, A. De. O Vale do Paranapanema. Revista do IHGB, 1959. v. 245, p. 165–252.
CARNEIRO, J. M. A. Primeiro Livro Tombo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Paranapanema.
CARVALHO FRANCO, F. De A. Bandeiras e bandeirantes de São Paulo. Série 5 Vo ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
FACHINI, CRISTINA. Cartografia do Patrimônio na Bacia do Rio das Almas – SP. Tese de Doutorado apresentada ao NEPAM/UNICAMP. 2017.
KNECHT, Theodoro. Ouro no Estado de São Paulo, Boletim do Instituto Geográfico e Geológico, São Paulo, n. 26, 1938.
PLENS, C. R. “ Água mole em pedra dura , tanto bate até que fura ”: o caminho das águas na catalisação social no Brasil Colonial. R. Museu Arq. Etn., 2016. v. 26, p. 95–114.
REIS, G. N. As minas de ouro e a formação das capitanias do sul. Sao Paulo: Via das Artes, 2013.
ROBRAHN-GONZÁLEZ, E. M. Programa de diagnóstico do patrimônio arqueológico, histórico e cultural do Parque Estadual Intervales.
SAINT–HILAIRE, A. De. Viagem à Província de São Paulo. Resumo das viagens ao Brasil, Província Cisplatina e Missões do Paraguai. SÃO PAULO: LIVRARIA MARTINS, 1940.
SCATAMACCHIA, M. C. M. et al. Arqueologia da primeira casa de fundição de ouro do Brasil , Iguape , SP. R. Museu Arq. Etn., 2012. v. 22, p. 111–122.
ZOCCHI, P. Paranapanema: da nascente à foz. São Paulo: Audichromo, 2002.

In Mapa de Ribeirão Grande-SP

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