domingo, 22 de fevereiro de 2015

POEMA DE GUSTAVO TEIXEIRA








"Cleópatra"

Sob o pálio de um céu broslado de cambiantes, 
a galera real, de tírias velas tesas,
avança rio adentro, arfando de riquezas, 
cheia de um resplendor de pedras coruscantes. 

Sob um dossel de biso, entre espirais ebriantes 
de um incenso, a escultural princesa das princesas 
cisma... Remos de prata, à flor das correntezas 
deixam móbeis jardins de bolhas trepidantes. 

Soluçam harpas de oiro às mãos de ancilas belas. 
Branda aragem enfuna a púrpura das velas 
e à tona da água alveja um espumoso friso. 

E a náiade do Egito, ao ver a frota ingente 
de Marco Antônio, ri, levando, unicamente, 
contra as lanças de Roma a graça de um sorriso. 

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