"Cleópatra"
Sob o pálio de um céu broslado de cambiantes,
a galera real, de tírias velas tesas,
avança rio adentro, arfando de riquezas,
cheia de um resplendor de pedras coruscantes.
Sob um dossel de biso, entre espirais ebriantes
de um incenso, a escultural princesa das princesas
cisma... Remos de prata, à flor das correntezas
deixam móbeis jardins de bolhas trepidantes.
Soluçam harpas de oiro às mãos de ancilas belas.
Branda aragem enfuna a púrpura das velas
e à tona da água alveja um espumoso friso.
E a náiade do Egito, ao ver a frota ingente
de Marco Antônio, ri, levando, unicamente,
contra as lanças de Roma a graça de um sorriso.
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