sábado, 3 de outubro de 2015

E RUBINEIA TAMBÉM ANIVERSARIA: 64 ANOS.

 
Rubinéia, cidade fronteira, surgiu do amor matrimonial e telúrico. O topônimo é a fusão eufônica e carinhosa de Rubens e Néia (Nair) marido e mulher que tanto se amaram e que possuíam a terra onde hoje ergue-se a cidade.
Ele, Rubens de Oliveira Camargo, pioneiro da região, homem destemido e desbravador, destacou-se, na curta vida que teve, pelo bandeirismo moderno, de plantador de civilização. 
Rubens, que a morte cortou cedo num desastre aviatório em plena campanha eleitoral quando candidato único a primeiro prefeito de Santa Fé do Sul, tinha a ânsia de transformar a terra em agente de progresso, de fazer brotar de cada árvore caída uma casa, um lar...
Foi herói, sem o saber.
Seu trabalho não se prendeu em garantir posses, sua atividade não se perdeu em fazer fazendas: seu amor telúrico foi tanto que à terra ele se dedicou a alma e o corpo na paixão incontida de somente amar.
Rubens de Oliveira Camargo sabia que os trilhos da Estrada de Ferro Araraquara chegariam às barrancas do Rio Paraná, cortando suas terras, como a trilha centenária dos tropeiros do Porto Tabuado. 
Sabia que forçosamente no terminal da via férrea surgiria uma cidade... 
Não aguardou, contudo, a valorização, para entregar caro parte de suas terras que ele tanto amava.
Era desprovido do egoísmo, do amor possessivo. Planejou, então, o loteamento, vender era o que menos lhe interessava... Para quem quisesse vir à sua Rubinéia havia sempre um lote ainda não compromissado, não vendido, que era doado. Condição de construir, mesmo que fosse à sua expensa.
Bruno Nilsen e Júlio Montanari, vizinhos das terras de Rubens, abrem por volta de 1950, as primeiras propriedades agrícolas; sabem eles também que a terra é dadivosa, que todos os sacrifícios são compensados pelas benesses de colheitas exuberantes. 
Pouco importa que cá ou lá haja o mistério da terra intangida. Para que o medo do conhecimento e do chão ferido pelo aço benfazejo, das ferramentas há de surgir o progresso, a fortuna.
Em 1951 aparecem, na terra onde Rubinéia com amor foi plantada, os primeiros povoadores. Deles o destaque todo especial a Bento Félix da Silva, o pioneiro autêntico, cujo amor à terra se equipara a paixão do fundador.
Félix muda-se para Rubinéia no primeiro momento, quando não havia ainda casa alguma. Seus pertences, por alguns dias quedam-se sob frondosa árvore, um velho ipê, tão resistente quanto sua fibra.
A primeira casa que ele constrói, surge rapidamente. Montanari fabrica-lhe os tijolos; a madeira dá-lhe a própria terra. É uma grande casa, com portas para salão comercial, para a venda, que logo a seguir se abre.
É bem verdade que pouco antes já há um boteco, com o sugestivo nome de Fecha Nunca, atendia aos poucos viajantes que demandavam ao Porto Tabuado; é certo também, que Chiquinho, nos acampamentos dos tropeiros, já bebericava em torno de histórias de um tempo que nunca existiu; é real, ainda, que os camaradas do Coronel João Lara da velha Fazenda Santa Fé para cá vinham em busca de cachaça e aventuras. Mas as aventuras, os acampamentos, o Fecha Nunca foram sombreados pelo Boteco do Felix, com três garrafas na prateleira e uma conversa extraordinária atrás do balcão.
Por volta de 1952 aporta na vila que então nascia, Manoel Cândido de Azevedo, que monta uma tosca serraria. Ele mesmo, auxiliado por outros poucos pioneiros, derruba, na atual Praça da Matriz, duas velhas aroeiras e, ali mesmo, a machado, lavra o lenho para erigir o cruzeiro.
E a 3 de outubro daquele ano, sob a invocação de Santa Terezinha, pedem ao céu a proteção à urbe que nascia... 
Lá está silenciosa, a orar, Dona Maria Campeira, velha de tantas virtudes e variado conhecimento, que sabia como ninguém o benzimento para a cobra venenosa, a oração para quebranto, as mezinhas para a maleita, o emplasto para as dores sem nome... 
Lá estão, observando atentos o Padre Walter a reproduzir o mistério da fé, José Gimenes, o hoteleiro, Nicola Balbi, Euclides, Moacir Ribeiro da Silva, Antonio Spinoza e mais uma vintena de pessoas...
O Distrito de Rubinéia foi criado pela lei quinquenal de 1953, através do trabalho de Rubens de Oliveira Camargo junto aos líderes de Santa Fé do Sul e ao representante da região na Assembleia Legislativa, o Deputado Salles Filho. Pouco antes, contudo, o então governador Lucas Nogueira Garcez dava por inaugurada a Estrada de Ferro.
Os passageiros que demandavam a Mato Grosso, não raro, chegavam a Rubinéia e para percorrer os quatro quilômetros de estrada, entre a estação e o Porto, levavam um dia: a estrada que margeava o rio era toda um atoleiro só, que somente um carro de boi com cinco juntas conseguia transpor.
A estrada de ferro foi indubitavelmente, um fator de progresso para a cidade, não só pelo considerável número de empregados que para cá trouxe, como também pelos melhoramentos que fez surgir.
Em 1952, quando Rubinéia já possuía perto de 600 eleitores, surgiu liderada pelo então vereador Osmar Antônio Moraes, a campanha pela emancipação política, campanha essa que teve destacado trabalho do presidente do partido político situacionista PSP Manoel Cândido de Oliveira.
Foi necessário, para a emancipação de Rubinéia, um intenso trabalho junto à Assembleia Legislativa, posto que o governador do estado da época, vetara a criação do município.
Finalmente, Rubinéia foi emancipada politicamente, pela lei n° 8092, em 28 de fevereiro de1964.
Foi construído (a 1000 metros da sede municipal), pela municipalidade local, em convênio com a Secretaria de Esportes e Turismo do Estado, uma praia artificial, e que nos finais de semana recebe um grande número de banhistas de diversas partes da região.
Aniversário da cidade: comemorado em 03 de Outubro.
site da PM local.

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